É desafiador adaptar clássicos da literatura, tantas vezes interpretados. A história está contada, tem começo, meio e fim; recontá-la demanda a carpintaria das palavras, encontrando nelas um tom peculiar e diverso, mas ao mesmo tempo mantendo a devida reverência ao texto original — algo como tocar em um violão uma peça escrita para um violino. Foi preciosa a experiência de tocar a partitura de Edgar Allan Poe, cujo texto, misterioso e solene, apresenta um clima de apreensão permanente a cada virada de página — e também um refinado e sombrio humor.