Victor Heringer (1988–2018) foi um romancista, poeta, tradutor e cronista brasileiro conhecido por suas obras profundamente evocativas e inovadoras. É mais conhecido por seus romances Glória (2012) e O amor dos homens singulares (2016), o primeiro dos quais ganhou o Prêmio Jabuti em 2013. Sua antologia Vida Desinteressante (2021), publicada postumamente, foi selecionada para o Prêmio Jabuti de 2022.
Nascido no Rio de Janeiro em 27 de março de 1988, Heringer cresceu em Nova Friburgo, no sudeste do Brasil. Estudou Letras na Universidade Federal do Rio de Janeiro, onde escreveu sua tese de mestrado sobre a ironia na obra de Enrique Vila-Matas. No início de sua carreira, trabalhou no Instituto Moreira Salles e na Fundação Casa de Rui Barbosa. Polimata convicto, explorou diversas formas artísticas, como o desenho, o cinema e as instalações sonoras.
O percurso literário de Heringer começou com a sua coleção de poesia Automatógrafo (2011), publicada pela 7Letras. Seguiu-se o seu romance de estreia, Glória (2012), que foi aclamado pela crítica por explorar o desejo e a identidade. “Escrever”, observou uma vez, ‘é migração’, um sentimento que se reflecte nos seus temas de deslocação e transformação.
O seu romance de 2016, O Amor dos Homens Singulares, ambientado num bairro fictício do Rio de Janeiro, conta uma história pungente de amor interrompida pela tragédia. O romance foi finalista de vários prémios de prestígio, incluindo o Prémio São Paulo de Literatura, o Prémio Rio e o Prémio Oceanos. Ao refletir sobre a criação do romance, Heringer destacou a influência das visitas de infância à Zona Norte do Rio de Janeiro, descrevendo o espírito vibrante, embora fraturado.
Além de seus romances, Heringer publicou O Escritor Victor Heringer (2015), um livro conceitual que combina fotografia e texto. As suas traduções incluíram First They Killed My Father (2017), de Loung Ung, e contribuiu com colunas semanais para revistas literárias como Pessoa. A sagacidade e a curiosidade de Heringer estenderam-se aos espaços digitais; explorou novas formas de contar histórias, incorporando hiperligações e multimédia no seu trabalho.
Em 2017, a Forbes Brasil incluiu-o na sua lista “Under 30”, reconhecendo as suas contribuições inovadoras para a literatura. Tragicamente, Heringer faleceu em 7 de março de 2018, três semanas antes de completar 30 anos.
Após a sua morte, a Companhia das Letras reeditou a sua obra completa, incluindo uma antologia da sua poesia e uma coleção de ensaios e crónicas.
Crédito da foto: Renato Parada