O que acontece à mesa além do comer? Quando se reúnem pessoas, comer pode ser um pretexto para negociar, criticar, pedir ou mesmo para conhecer melhor o outro com quem se partilha os alimentos e as bebidas.
Em “O Banquete”, o autor faz uso da comida do cardápio como ponto para descrever a personalidade da anfitriã e dos seus convidados que participam do evento. No desenvolvimento do texto, a narração é complementada pelo diálogo afiado entre as personalidades — marcado por semelhanças com o modelo platônico, daí a escolha do título. Eles debatem sobre assuntos diversos, tendo algumas vezes, o coquetel, o vinho, a salada e outros elementos do cardápio como tema por meio dos quais expõem opiniões, palpites, preconceitos e reafirmam o posicionamento social de cada um.
O leitor tem aqui o encontro com uma obra inacabada de Mário de Andrade — infelizmente ele faleceu antes de terminar os últimos capítulos –, cuja edição preserva a ortografia original que não foi revisada pelo autor. No “banquete” de Mário, o conteúdo é também suficiente para demonstrar o ambiente político-social, além da linguagem de uma época que já viveram muitos brasileiros.